
AdultaMente
Promoção da Saúde e Prevenção da Doença Mental no Adulto
Como vimos anteriormente, a saúde mental é também, como a saúde em geral, um estado de bem-estar subjetivo, que depende tanto de fatores pessoais como ambientais e envolve capacidades de comunicação e relacionamento interpessoal, competências na vida pessoal e social, capacidades de autonomia e escolha de um projeto de vida, auto realização intelectual e emocional e ainda, de adequação à realidade.
A Saúde Mental, pode ser promovida através de programas adequados, da melhoria das condições sociais e da prevenção do stress e outros fatores de risco, e da luta contra o estigma.
Existem várias propostas de estratégias para mudar as atitudes discriminatórias e de luta contra o estigma que vão desde, ações de crítica (protesto), que procuram denunciar as atitudes estigmatizantes, a ações de tipo educativo, que procuram reformular os mitos sobre a doença mental através da apresentação de interpretações alternativas e, as de contato direto, que estabelecem uma forte proximidade e colocam desafios às representações partilhadas pela maioria das pessoas, sendo estas últimas as que melhores resultados têm tido próximo da população, mais ainda do que o protesto contra a discriminação e o recurso a fornecer informação, através de programas de esclarecimento e educação, (Corrigan et al., 2001).
Mecanismos de “Empowerment”/Diminuição Estigma
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Integração das pessoas com doença mental na comunidade / desinstitucionalização dos hospitais
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Exercício da cidadania, promoção e defesa de direitos das pessoas com doença mental
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Promoção de organizações independentes de representação das pessoas com doença mental
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Realização de investigação sobre a integração e participação na comunidade / doença mental
(Corrigan et al., 2001)
Na Carta de Ottawa é referido que “a promoção da saúde pressupõe o desenvolvimento pessoal e social através da melhoria da informação, educação para a saúde e reforço das competências que habilitem para uma vida saudável. Deste modo, as populações ficam mais habilitadas para controlar a sua saúde e o ambiente e fazer opções conducentes à saúde” (OTTAWA, 1986)
Em Portugal o Plano Nacional de Saúde Mental (PNSM), faz parte de uma estratégia mais ampla da União Europeia para a Saúde Mental, que inclui indicações claras para a promoção da Saúde Mental e a prevenção da Doença Mental, como as delineadas como prioridades, na Conferência Ministerial Europeia da OMS sobre a Saúde Mental, que se realizou na Finlândia em Janeiro de 2005:
- Fazer compreender a importância do bem-estar mental;
- Lutar coletivamente contra a estigmatização, a discriminação e a desigualdade, e responsabilizar e apoiar as pessoas com problemas de saúde mental e a sua família de forma a que possam participar ativamente neste processo;
- Conceber e pôr em prática sistemas de saúde mental completos, integrados e eficazes, englobando a promoção, a prevenção, o tratamento, a reabilitação e a integração social;
- Responder à necessidade de dispor de pessoal competente e eficaz em todos estes domínios;
- Reconhecer a experiência e a competência dos utentes e dos cuidadores, inspirando-se nela para a planificação e a organização dos serviços de saúde mental;
Estas estratégias que se incluem num modelo de Saúde Mental comunitária, reconhecida pela OMS, com orientações inovadoras, como reconhecimento dos direitos humanos dos doentes mentais, a reabilitação psicossocial, o empowerment e a participação dos utentes e familiares no planeamento e avaliação dos Serviços.
A Drª. Gro Harlem Brundtland, no Relatório Mundial de Saúde da OMS em 2001 referia-se ao lema «Cuidar, sim. Excluir, não», fazendo passar a mensagem de que “não se justifica excluir das nossas comunidades as pessoas que têm doenças mentais ou perturbações cerebrais, há lugar para todos. No entanto, muitos de nós ainda nos afastamos assustados de tais pessoas ou fingimos ignorá-las, como se não nos atrevêssemos a compreender e a aceitar” (DGS/OMS, 2002).
Conjunto de recomendações da OMS, nas quais se incluem este tipo de estratégia de intervenção comunitária
Proporcionar tratamento em cuidados primários
Disponibilizar medicamentos psicotrópicos
Proporcionar cuidados na comunidade
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Educar o público “Devem ser lançadas, em todos os países, campanhas de educação e sensibilização do público sobre a saúde mental. A meta principal é reduzir os obstáculos ao tratamento e aos cuidados, aumentando a consciência sobre a frequência das perturbações mentais, a sua suscetibilidade ao tratamento, o processo de recuperação e o respeito pelos direitos humanos das pessoas com tais perturbações. As opções de cuidados disponíveis e os seus benefícios devem ser amplamente divulgados, de tal forma que as respostas da população em geral, dos profissionais, dos media, dos formuladores de políticas e dos políticos reflitam os melhores conhecimentos disponíveis. Isso já é uma prioridade em diversos países e em várias organizações nacionais e internacionais. Uma campanha de sensibilização e educação do público, bem planeada pode reduzir o estigma e a discriminação, fomentar a utilização dos serviços de saúde mental e conseguir uma aproximação maior entre a saúde mental e a saúde física”.
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Envolver as comunidades, as famílias e os utentes
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Estabelecer políticas, programas e legislação nacionais
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Preparar recursos humanos
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Estabelecer vínculos com outros sectores
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Monitorizar a saúde mental na comunidade
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Apoiar mais a pesquisa
